Pesquisa Datafolha aponta que jovens entre 16 e 25 anos têm os piores hábitos alimentares da população paulistana. Entre os motivos estão a maior exposição à publicidade e a valorização de um estilo de vida que gasta pouco tempo com a alimentação, segundo especialistas.
São os jovens os que mais consomem enlatados, salgadinhos, chocolates e outros alimentos industrializados não recomendados. São eles, também, os que menos comem alimentos saudáveis.
Segundo o professor de nutrologia da Unifesp José Augusto Taddei, esses alimentos estão substituindo hábitos mais saudáveis típicos do brasileiro, como o uso de frutas, verduras, legumes e grãos.
O consumo desses e de outros alimentos recomendados, como peixe e leite, é mais frequente entre a população com 56 anos ou mais. “Eles formaram seus hábitos lá atrás, com menos influência da publicidade”, diz Taddei.
O nutricionista da USP Daniel Bandoni também vê uma tendência de supervalorizar produtos industrializados. “A juventude tem sido bombardeada com propagandas desses alimentos.” Para Bandoni, existe uma migração de jovens e adultos para um estilo de vida mais passivo, que valoriza mais a praticidade do que a saúde. “Não se perde tempo para cozinhar, mas se perde pra ver TV.
Ele aponta possíveis desvantagens no consumo do alimento comprado pronto, como a perda do controle do processo de produção: não é possível, por exemplo, escolher a quantidade de gordura e sal. Para Bandoni, os novos hábitos aumentam as chances de desenvolvimento de colesterol alto e doenças como obesidade e hipertensão.
Arroz, feijão e peixe
Já o consumo diário de arroz e feijão pela maioria dos paulistanos foi visto como um dos resultados positivos da pesquisa. “É um consumo democrático”, diz Taddei. Ele ainda ressalta que a combinação é saudável e típica da cultura do brasileiro.
O peixe, por outro lado, foi apontado pela pesquisa como um dos alimentos menos democráticos na cidade. A pesquisa mostra que só 3% da população da cidade come peixe todos os dias. Bandoni diz que o dado é preocupante se comparado ao do consumo de linguiça, salsicha e salame.
Considerada por nutricionistas essencial para o crescimento e importante para o aprendizado, a primeira refeição do dia é rejeitada por 36% dos jovens. A falta de tempo ou a vontade de dormir mais são apontados por especialistas como os principais motivos para esse comportamento.
Fonte: Jornal Agora
